O Rio Grande do Sul ocupa a quinta posição entre os estados brasileiros com mais empreendimentos de economia criativa, setor composto por segmentos vinculados à cultura, à criatividade, ao conhecimento e à inovação. O RS reúne 30.987 estabelecimentos, o que equivale a 6,8% do total de estabelecimentos no Estado e a 7,6% dos estabelecimentos do setor no país. Completam o ranking São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. Seguindo a tendência brasileira, o segmento de economia criativa com mais empreendimentos no RS é o de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), representando 21,8% do total.
Os dados, referentes ao ano de 2021, estão presente no estudo exploratório O mercado de trabalho da economia criativa no Rio Grande do Sul, divulgado nesta quarta-feira (9/7) e produzido pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG). Foram considerados como parte da economia criativa setores e ocupações definidos pelo Sistema de Informações e Indicadores Culturais 2007-2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), incluindo atividades ligadas direta e indiretamente à cultura.
Elaborado pelos pesquisadores Gabriele dos Anjos e André Coutinho Augustin, o material utiliza dados do mercado de trabalho formal disponibilizados pelo Cadastro Central de Empresas (Cempre), do IBGE, e da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O documento visa contribuir com o programa estratégico RS Criativo, operado pela Secretaria da Cultura (Sedac), que busca promover o desenvolvimento e o fortalecimento da economia criativa.
O material aponta que, entre 2017 e 2021, houve uma variação positiva no número de empreendimentos em todas as Unidades da Federação (UFs) consideradas, com aumento de 12,1% no RS. O segmento de publicidade registrou o maior crescimento (70,3%), enquanto o de publicação, editoração e mídia teve a maior queda (11,3%). Ainda que esteja em destaque no ranking das UFs com mais empreendimentos em economia criativa, o Estado caiu uma posição em relação a 2017, ano de comparação no estudo.
A publicação destaca que, em 2021, o RS foi o estado com a segunda maior participação no segmento de patrimônio e culturas tradicionais (14,4%) do Brasil. As menores contribuições ficaram nos segmentos de telecomunicações e audiovisual, com percentuais de 5,6% e 6,2%, respectivamente.
“O governo do Estado acredita no potencial da cultura e da economia criativa, o que está demonstrado, por exemplo, no fato de que o investimento do Executivo estadual no setor cultural cresceu 109,5% entre 2012 e 2022, conforme também demonstra pesquisa do IBGE. O estudo estatístico desenvolvido pela SPGG serve como embasamento para que possamos elaborar e fortalecer ações que impulsionem esse crescimento de forma inclusiva e sustentável”, afirmou a secretária da Cultura, Beatriz Araujo.
Geração de empregos
O setor de economia criativa empregou formalmente 143.847 pessoas no RS em 2021, o que equivale a 4,2% do total e a um aumento de 10,5% em relação ao que foi verificado em 2017. Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), que detém o maior número de empreendimentos dentro da economia criativa, é também o segmento que mais emprega. Em 2021, representou no Brasil quase um terço dos postos de trabalho no setor (29,5%) e, no Rio Grande do Sul, ultrapassou esse percentual, com 34,2%.
Além do setor de TIC, os segmentos de publicação, editoração e mídia (14,9%) e de arquitetura, design e moda (14,6%) foram os mais expressivos na composição dos postos de trabalho da economia criativa. Por outro lado, artes visuais e performáticas (1,8%), patrimônio e culturas tradicionais (3,0%) e ensino de cultura (3,2%) são os segmentos com menor participação no setor.
Embora os segmentos de publicidade, telecomunicações e TIC tenham apresentado crescimentos expressivos no período de 2017 a 2021, o estudo mostra que parte dos outros segmentos tiveram piora no contingente de postos de trabalho, com destaque para audiovisual (-24,3%), patrimônio e culturas tradicionais (-17,0%) e artes visuais e performáticas (-16,9%). Os três setores fazem parte do chamado núcleo duro da economia criativa, ou seja, atividades amplamente reconhecidas pela sociedade como pertencentes ao âmbito da cultura.
Em 2021, o setor da economia criativa no RS possuía uma média de 7,5 empregados por estabelecimento, abaixo do total da economia gaúcha, que detinha média de 10,3. Segmentos com estreita ligação à cultura, como artes visuais e performáticas, apresentavam o menor número médio de empregados no setor (2,7 por estabelecimento), enquanto segmentos como TIC e audiovisual possuíam média superior a 13.
“Os segmentos mais identificados com a cultura encolheram no Estado, entre 2017 e 2021, enquanto houve crescimento no campo de tecnologias da informação e comunicação, tanto em número de empreendimentos quanto em postos de trabalho”, analisa Augustin. “Os indicadores sugerem a necessidade de políticas específicas para os diferentes segmentos, principalmente aqueles com pior desempenho no período considerado”, acrescenta.
Remuneração e gênero
A publicação analisa também a remuneração no setor de economia criativa entre os anos de 2011 e 2021. No início da série histórica, a remuneração média real da economia criativa no RS era de R$ 1.506,88 e, em 2021, de R$ 2.448,81, um crescimento de 62,5%. No entanto, outros setores da economia cresceram mais no mesmo período: 81,4%. “Em 2021, a remuneração média do setor era mais baixa em relação à remuneração média do setor no Brasil. No entanto, há variações importantes no salário médio entre os segmentos da economia criativa”, salienta Gabriele dos Anjos.
A análise segundo sexo e remuneração média demonstra que, em 2021, a participação feminina no setor de economia criativa no RS era de 44,3% entre os empregados formais, inferior aos 46,8% no total de setores econômicos.
O segmento com maior contingente feminino é o de ensino de cultura, com 72,7%. Arquitetura, design e moda, publicação e editoração e mídia e publicidade também apresentaram porcentagem maior de participação feminina, com mais de 50% dos empregados. Em contrapartida, os setores que menos empregavam mulheres eram o de audiovisual, com 35,1%, e o de TIC, com 36%, este o que possui o maior número geral de empregados no setor.
A diferença salarial entre homens e mulheres esteve desigual principalmente em TIC e telecomunicações, nos quais o salário médio feminino equivalia a 70% do salário médio masculino. Ainda que represente o menor contingente geral de empregados e tenha as menores remunerações, o segmento de artes visuais e performáticas demonstrou simetria entre as remunerações, quando observadas por gênero.