Muitas pessoas em Rio Grande ainda não conseguiram acesso ao Auxílio Reconstrução. Outras, nem ao PIX SOS ou qualquer outro benefício criado na intenção de auxiliar quem foi atingido pelas enchentes. Muitas delas, inclusive, já tiveram seus pedidos negados e não conseguem entender o motivo, pois são pessoas que foram duramente atingidas pelas águas que destruíram o Estado em maio e que inundaram também muitos bairros e ruas de Rio Grande. Para protestar contra a situação, está marcado para acontecer na sexta-feira (26), uma concentração em frente a Prefeitura.
Enquanto isso, o ministro da Reconstrução, Paulo Pimenta informou em matéria divulgada nesta terça-feira (23) que o Auxílio Reconstrução, apoio financeiro no valor de R$ 5.100 pago em parcela única pelo Governo Federal às famílias afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, já foi repassado a 346,8 mil famílias do Estado a partir de um investimento de R$ 1,6 bilhão.
Uma pessoa que teve seu CPF negado, ficou surpresa ao saber que o “não” ao auxílio foi em função de um erro na sua renda. Sem se identificar, ela ressaltou que “botaram que minha renda era R$ 200 mil por mês. Arrumaram e quando fui no Cras do bairro Profilub pela quarta vez, estava do mesmo jeito. Pediram que eu assinasse um papel e não deu em nada até agora”.
Outra, que recebeu o auxílio Reconstrução, porém o PIX SOS não. “Já fui seis vezes no Cras porque meu nome está errado e por isso não recebo, porém, nunca mudaram”. Mais uma rio-grandina apontou que foi no Crás para saber o porquê de ter sido negada para o auxílio e disseram não podiam resolver nada. Se não for junto aos órgãos da administração, onde mais estas pessoas poderiam ir em busca de informações?
Outra ainda, informou que o seu cadastro é do dia 27 de maio e até agora só aguarda. “São dois meses de espera e o que aparece é que continuo em análise, sendo que não recebi nenhum dos benefícios voltados a quem foi atingido pela enchente. E triste ter que mendigar, se humilhar por um direito nosso”. Também há quem espere desde o dia 31 de maio e até agora nenhuma resposta.
Um caso negado se refere a uma família que mora em um pátio com outras três residências. “Eu não recebi porque disseram que alguém já tinha recebido no endereço. Mas até pelo satélite dá para ver que são casas separadas. Entyão é isso, uns recebem e outros não”?, indagou.
Em razão de muitas relamações de CPFs negados, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Reconstrução do RS, Paulo Pimenta, e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, realizaram reunião online com prefeitos, para esclarecimentos sobre os cadastros para o Auxílio Reconstrução. “Muitos dados apresentam inconsistências e os gestores precisam encaminhar correções para que as pessoas recebam o recurso”, ressaltou Paim.
Porém, o ministro salienta que há um conjunto de registros ainda em fase de análise de dados. Desse total, 115,7 mil cadastros de 231 municípios não foram aprovados num primeiro instante nos critérios e serão devolvidos às prefeituras para correções. Ao fazer login no site do Auxílio Reconstrução, o responsável familiar receberá a informação de que o primeiro cadastro não foi aprovado com o motivo detalhado.
Conforme o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, 4.016 famílias aparecem com integrantes cadastrados em duplicidade, em mais de uma família; há 5.322 famílias que já receberam o benefício e estão requerendo por outra cidade; 1.433 chefes de família com indícios de óbito na base do governo; 68.864 registros com mais de uma família no mesmo endereço e esses cadastros precisam ser individualizados.
Em reunião com prefeitos gaúchos e funcionários que trabalham nos cadastros das prefeituras, Pimenta indicou um caminho para solução: “Vamos criar uma aba nova no cadastro para indicar a unidade consumidora de energia, um número que tem na conta de luz. Isso vai possibilitar uma individualização pela conta de luz, que pode ser também outro documento. Mas é necessário algum documento que individualize a informação. Vamos criar a possibilidade de a prefeitura refazer o cadastro, complementar. Na medida em que ela individualizar a informação, a gente vai fazer o pagamento”, explicou.
FAMÍLIAS NÃO APROVADAS SEGUNDO OS MINISTÉRIOS
As famílias não aprovadas foram identificadas em um ou mais critérios:
● CPF inválido
● Família com requerimento em mais de um município
● Família única no CadÚnico cadastrada como mais de uma família no Auxílio Reconstrução
● Família única no Cadúnico com membro em outra família habilitada
● Família com membro(s) comum(ns) no Auxílio Reconstrução
● CPF de pessoa menor que 16 anos
● CPF com registro de óbito nas bases do Governo Federal
● Família cadastrada no mesmo endereço de outra família
● Responsável familiar não é titular do CPF informado