Pelotas – Esquecer pode ser um ato comum em nossa vida, mas é também um sintoma que pode revelar problemas quando se trata de um esquecimento recorrente dos acontecimentos da sua história, da sua memória recente e das pessoas de seu convívio. Por isso, neste mês Mundial pelo Alzheimer, especialista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel) esclarece sobre o diagnóstico e o tratamento da doença garantidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Setembro ainda tem como ápice da campanha a data 21, como Dia Mundial da Doença de Alzheimer e Dia Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer.
Segundo o neurologista Othelo Fabião, do HE-UFPel, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que pode causar sintomas como dificuldade de raciocínio e memória, comportamentos anormais ou confusão mental. “A perda de memória e confusão são os principais sintomas. Na cognição são mais frequentes o declínio mental, dificuldade em pensar e compreender, confusão durante a noite, confusão mental, delírio, desorientação, esquecimento. As alterações comportamentais aparecem no decorrer da doença (irritabilidade, paranoia, agitação e agressividade)”.
O HE-UFPel tem um Ambulatório de Neurologia que atende pacientes com demência e Alzheimer. Os pacientes devem procurar inicialmente um posto de saúde ou Unidade Básica de Saúde (UBS), para serem regulados/encaminhados para atendimento neurológico no HE-UFPel. O Ambulatório conta com dois neurologistas para pacientes adultos e dois neuropediatras e é coordenado pelo neurologista Adolfo Bonow.
Problema de saúde pública
A doença de Alzheimer é a mais prevalente entre as demências do mundo, mas não é o único tipo de doença neurodegenerativa a afetar a cognição. “O Alzheimer é o tipo mais comum de síndrome, representando a maioria dos casos. Caracteriza-se pela presença de placas de proteína beta-amilóide e emaranhados de proteína tau no cérebro, levando à morte das células cerebrais. Também há a demência vascular, que é uma síndrome que ocorre quando há danos nos vasos sanguíneos que fornecem sangue ao cérebro; a demência por corpúsculos de Lewy, que é caracterizada pela presença de corpos de Lewy, depósitos anormais de proteínas no cérebro. Isso pode resultar em flutuações cognitivas, alucinações e problemas motores; a demência frontotemporal se caracteriza por mudanças na personalidade, comportamento e linguagem. Geralmente, ocorre em idades mais jovens em comparação com outras formas da síndrome”.
O diagnóstico é feito com base no relato dos sintomas de alteração de memória, como a repetição das perguntas e relatos, e a dificuldade em reconhecer locais e pessoas. Exames complementares de ressonância magnética, tomografia e de sangue são importantes para afastar ou ajudar a confirmar qual tipo de demência a pessoa possui, por exemplo, se é a demência vascular, a frontotemporal (que atinge a parte frontal e temporal do cérebro), ou se tem outro fator que leve a alterações cognitivas, como doenças da tireóide, do fígado e infecções (neurosífilis, AIDS). Com o diagnóstico precoce do Alzheimer, o tratamento pode auxiliar na estabilização da doença.
Mais qualidade de vida ao paciente com Alzheimer e a sua rede familiar
Existem medicamentos que podem controlar os sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com Alzheimer, garantidos pelo SUS com a necessidade do laudo de solicitação de medicamentos especializados (LME).
No entanto, conforme explica o Dr Pedro Levi Alencar, não é possível eliminar a doença. “Como terapêutica, o ideal para as demências é necessário o tratamento das comorbidades, realizar exercícios cognitivos e físicos. Nas demências degenerativas existem medicações que visam retardar a progressão da doença”.
É possível prevenir o Alzheimer?
“Para prevenção do Alzheimer é importante adotar hábitos saudáveis, tratamento e acompanhamento das doenças que o paciente apresente e muito estímulo cognitivo”, afirma o nerologista.
Para prevenir o Alzheimer tenha hábitos saudáveis na alimentação, pratique exercícios físicos, controle o sono e o estresse, realize estímulos cerebrais com estudos, leituras e jogos inteligentes, não fume, não consuma álcool e faça avaliações regulares de audição e visão.