Porto Alegre – A Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul (DPE/RS) ajuizou uma ação milionária contra a Loja Cobasi, após a morte de mais de 40 animais, vítimas do alagamento ocorrido em duas lojas da marca, em Porto Alegre. Na ação, a Defensoria Pública cobra da empresa uma indenização de R$ 50 milhões por danos ambientais, à saúde pública, psicológicos à coletividade atingida (pelo fato e pelas cenas publicizadas) e punitivos.
Em uma das lojas, que fica no subsolo de um shopping, dezenas de aves, peixes e roedores foram deixados durante a inundação que afetou o espaço no dia 3 de maio. Segundo testemunhas, mesmo com o fechamento do shopping neste dia, ainda era possível acessar a loja nos dias seguintes e fazer a retirada dos animais. “Fica evidente que a requerida teve cinco dias para tirar os animais de forma segura. Porém, mesmo observando o nível da água subir, nada fez. Nenhuma testemunha menciona ter visto algum funcionário da loja ir até o local conferir os animais, sequer para ver se tinham comida e água”, afirma o defensor público dirigente do Núcleo de Defesa Ambiental da DPE, João Otávio Carmona Paz, que assina a ação.
A gerente da loja afirmou que seguiu ordens para aguardar a evolução do alagamento e que teria deixado água e comida para os animais, suficientes para dois ou três dias. No entanto, ela não voltou mais ao shopping. A responsável também confirmou que equipamentos eletrônicos foram colocados em carrinhos de compras no mezanino, que ficou intacto, enquanto os animais ficaram no andar de baixo. Nessa loja, ao menos 38 animais mortos foram encontrados.
Na outra loja, os funcionários fecharam o estabelecimento, alegando ter deixado comida e água para cinco dias, mas não voltaram mais ao local por uma semana. O resultado só não foi o mesmo da unidade que fica no shopping, porque ativistas entraram na loja e retiraram os animais. Mesmo assim, quatro já haviam falecido.
“A comunidade porto-alegrense, gaúcha e brasileira foi exposta a imagens terríveis de cadáveres boiando em um shopping center, imagens que remetiam diretamente ao cruel abandono por parte de seus tutores. Além disso, a pessoa jurídica atingiu gravemente a saúde pública. A decomposição dos cadáveres expôs e ainda está expondo pessoas a diversas doenças”, defende João Otávio. Isso porque o contato de animais com água de esgoto infectada propicia a contaminação por leptospirose, raiva, hepatite, entre outras doenças. E essa mesma água escoou pela cidade.
Além dos R$ 50 milhões de indenização (que representa menos de 2% do faturamento da marca, que é de R$ 3 bilhões por ano), a Defensoria Pública requer que a loja seja proibida de comercializar animais. A ação também pede a proibição do uso de gaiolas fixadas e de difícil retirada eda comercialização de animais em locais identificados como de risco de inundação.
Também assinam a ação, a subdirigente do Núcleo de Defesa Ambiental, Andreia Filianoti Gasparini, e a defensora pública Paula Guerrero Moyses.