Marinheiros, fuzileiros e comunidade escolar comemoram retorno. Fotos: Anete Poll

Rio Grande – A Escola Estadual de Ensino Fundamental Barão de Cerro Largo, uma das mais atingidas pela enchente, teve na tarde desta terça-feira, uma solenidade que reuniu direção, professores, funcionários, alunos e a Marinha do Brasil. Esse encontro foi para celebrar a conclusão das obras de reparos, realizadas em um esforço comum. A escola, por este motivo, homenageou marinheiros e fuzileiros navais que participaram das obras de reparo, com poemas, medalhas (feitas em cartolina), com um quadro como símbolo do renascimento da escola. Foram entregues à Marinha, ainda, pequenas garrafas, com terra da escola e pequenos galhos podados das árvores. O comandante do 5º Distrito Naval, vice almirante Augusto José da Silva Fonseca Júnior, recebeu medalha e uma das garrafas.

Vice Almirante Fonseca Júnior recebe a garrafa com terra e galho da escola

O comandante do 5º Distrito naval, Fonseca Júnior, destacou que os alunos são a razão de ser do trabalho desenvolvido na escola nas últimas semanas. “É um momento muito bacana, que emociona muito a todos nós, que representa uma instituição bicentenária, que faz parte do povo brasileiro. Nós pertencemos ao povo brasileiro, nós trabalhamos pelo bem do povo brasileiro. Trabalhamos de corpo e alma pelas nossas escolhas e pela nossa nação. A Marinha tem muita preocupação com as cidades. E a sede do 5º Distrito Naval está aqui em Rio Grande. Estaremos sempre aqui de braços dados com o povo rio-grandino”. 

“É com grande honra e sentimento de dever cumprido que me dirijo a vocês, na reabertura desta escola. As enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul deixaram marcas profundas na população, mas também revelaram o espírito resiliente e unido dos gaúchos. A Marinha não hesitou em auxiliar a escola nessa empreitada. Nossos militares trabalharam incansavelmente para restaurar e limpar as instalações, garantindo que os jovens estudantes pudessem retornar a este ambiente seguro e acolhedor. Hoje ao celebrar o retorno as salas de aula, e com profunda satisfação que afirmo que estes militares contribuíram não apenas para a limpeza e reconstrução do edifício mas também do futuro da nossa cidade”, ressaltou o vice-almirante, lembrando que a educação é o alicerce o qual uma sociedade se fortalece e prospera. “E é nosso dever coletivo assegurar que cada criança tenha acesso a esse direito”, finalizou. 

Marcando o dia 17 de julho, quarta-feira, Dia de Proteção às Florestas, foram plantadas três mudas de espécies nativas, marcando o apoio a causa do meio ambiente.

 A diretora, Simone Zogbi, contou que corpo docente entrou em diversos momentos na escola, onde a água atingiu entre 50 e 60 centímetro e em alguns locais da escola, chegou a 90 centímetros, sendo que esta água permaneceu estagnada por aproximadamente 15 dias. “Estragou muita coisa. Estragou documento, mobiliário, brinquedos, jogos, o acervo de livros, entre outras perdas”, informou Simone.  

Durante este tempo, até o dia 1 de julho, as cerca de 300 crianças que frequentam a escola, alguns em tempo integral, ficaram em sistema de aula híbrido. ”Adotamos o sistema híbrido para que nenhum criança ficasse sem nenhum tipo de atendimento. Uma professora ia até os abrigos para levar material impresso aos alunos e outras professoras ficaram na escola para que os alunos pudessem tirar dúvidas. Eles nunca deixaram de ter acesso à escola, mesmo com ela estando um caos. 

Os professores, em junho, começaram a limpeza da escola. E foi neste tempo, dia 18 de junho, que a Marinha entrou para ajudar.”Eles nos ajudaram o tempo inteiro e foi muito bacana. Foi uma união de equipes e isso durou três semanas”. O tempo foi necessário em razão do tamanho da área da escola: 11 mil metros quadrados e oito pavilhões. A preocupação era também com as crianças que frequentam a escola em tempo integral, muitos deles em situação de vulnerabilidade e que entram por volta de 7h45min e permanecem até às 16h30. “Elas entram para o café da manhã, o almoço e saem a tarde.E este é um espaço seguro ara estas crianças e por isso tínhamos que retornar o mais rápido possível”. 

“Graças a eles eu me sinto uma vitoriosa, porque quando entrei aqui em maio e vi como estava a escola eu pensei, meu Deus, como que eu vou conseguir fazer isso. E aí a gente vê que não tá sozinho. A gente olha para o lado e vê que tem sempre alguém que nos ajuda. E o que eles fizeram não tem preço”, disse a diretora.