As tradicionais atividades comemorativas alusivas ao Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo, Dia da Marinha, celebrado nesta terça-feira, 11 de junho, não serão realizadas nesse ano. As exposições, visitações públicas a navios, apresentações de bandas de música, confraternizações e competições dão lugar a ações humanitárias em prol das vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul (RS). Os civis e militares dedicados inteiramente a salvar o máximo de vidas e aliviar o sofrimento no território gaúcho atuam imbuídos dos mesmos valores dos heróis do passado, que não esmoreceram mesmo diante de circunstâncias tão desafiadoras.
Com 90% do estado do Rio Grande do Sul atingido pelas consequências de fortes chuvas desde o final de abril, os militares se colocaram, mais uma vez, na zona de combate para defender a população. Todo o contingente sediado na região foi mobilizado e efetivos de outros estados foram convocados para reforçar as ações, com o agravamento da situação. Mais de dois mil militares e 320 meios da Marinha do Brasil (MB) foram direcionados para o local, entre embarcações, helicópteros e viaturas. Já são cerca de 3 mil pessoas resgatadas e milhares de toneladas de suprimentos transportados.
Em outra frente, uma Força-Tarefa da Marinha integra os esforços para a reconstrução do RS, atuando na desobstrução de vias e revitalização de escolas públicas. Compõem a Força-Tarefa de apoio humanitário, 200 Fuzileiros Navais e 40 viaturas, além de equipamentos, maquinários e materiais. Em Guaíba, os Fuzileiros Navais trabalham na reconstrução de nove escolas públicas, realizando a remoção de lixo e entulho; limpeza de compartimentos e higienização; e manutenção e reparos (elétricos, de carpintaria, metalurgia, pintura e obras em geral). O trabalho foi iniciado na Escola Municipal Santa Rita, a maior escola de Guaíba, que atende quase dois mil alunos, cuja entrega ocorreu no início do mês.
Na história recente do Brasil, esta é a segunda vez que a Força Naval deixa de celebrar o Dia da Marinha e os heróis nacionais que lutaram para garantir a vitória na Batalha Naval do Riachuelo. A primeira foi durante a pandemia, que ceifou a vida de milhões de pessoas em todo o mundo, em 2020. Esse ano, a suspensão das comemorações da data mais importante do calendário da MB foi determinada pelo Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen, em mensagem transmitida, no último dia 17 de maio, para toda a Força Naval.
Na mesma determinação, o Comandante da Marinha também suspende a veiculação da campanha publicitária institucional do Dia da Marinha, outra tradicional ação que a Força realiza anualmente. O vídeo da campanha, que estava em produção com captação de imagens em diversos navios da Marinha e que tinha previsão de veiculação até em TV aberta, foi substituído por um vídeo simples e sóbrio que está sendo divulgado apenas em canais da própria Força.
Com narração de uma marinheira gaúcha, o novo vídeo comunica que não haverá celebrações e reproduz a célebre mensagem transmitida pelo Almirante Barroso aos seus comandados na Batalha Naval do Riachuelo, que se encaixa perfeitamente para os desafios que a Nação enfrenta atualmente: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”. O slogan também foi alterado para “Marinha do Brasil. A Força de todos os brasileiros!”
Batalha Naval do Riachuelo
Há 159 anos, a Marinha liderava a primeira e mais decisiva vitória do País sobre as forças inimigas que tentavam usurpar seu território, na maior guerra que a América do Sul já testemunhou. Centenas de brasileiros sacrificaram suas vidas naquele grave episódio do dia 11 de junho de 1865, que ficou conhecido como Batalha Naval do Riachuelo, quando a então Armada Imperial brasileira anulou a ameaça da Marinha paraguaia, garantindo, para os aliados da Tríplice Aliança, o controle da navegação na Bacia do Prata, essencial ao sucesso dos combates em terra. Em homenagem aos inúmeros heróis de Riachuelo, a Força Naval adota a data como o dia da própria Instituição.
Eram muitas as desvantagens da MB sobre os adversários na campanha fluvial na Bacia do Prata, em 1865. Os navios nacionais, a maioria de grande calado (parte do casco que fica submersa) ideal para a navegação oceânica, precisavam interromper o apoio logístico inimigo nos rios Paraná e Paraguai. Diferentemente do alto-mar, os corpos d’água são estreitos e têm pouca profundidade, o que aumentava os riscos de encalhe e de danos aos cascos das embarcações, além de as tornarem alvos fáceis para os canhões às margens dos rios. Vencer sob tais condições exigiu uma incomum determinação e coragem dos Marinheiros e Fuzileiros Navais brasileiros.
Balanço das ações da Marinha do Brasil na Operação Taquari 2