Rio Grande – Quando uma comunidade se une em torno de um objetivo, nem a água vence. Esse é o caso dos moradores da rua Capitão Lemos de Farias, no Lar Gaúcho. Rua esta que tem 205 casas e todas foram atingidas. Após assistir à água invadir suas casas e destruir o que levaram anos para adquirir, dois moradores, Denilton de Jesus Lima, morador há oito anos no bairro e Elaine Rodrigues da Silva, moradora há 38 anos, resolveram construir uma espécie de barreira.
Como a rua termina na lagoa Saco da Mangueira, é de lá que veio a inundação, com a suba do nível da água. Os dois moradores tinham noção de que em outras cidades, a população havia feito uma barreira estratégica para conter a água. Estudando daqui, pesquisando de lá, os dois decidiram que era hora de chamar a comunidade e apresentar o projeto da barreira. “Conversamos com todos da rua, apresentamos a ideia, pedimos ajuda e todo mundo colaborou na compra do material. E fomos adquirindo areia, pedras, cascote e lonas”, apontou Elaine.
Um cano de 300 ml de diâmetro, funciona como “ladrão”Tudo isso serviu para levantar por volta de 50 metros do final da rua, em cerca de 70 centímetros, utilizando o material adquirido por todos. Por baixo, colocaram uma lona grossa, ai os sacos de areia e novamente passaram a lona por cima. Mais uma camada de sacos de areia e então a areia solta e o cascote, até atingir a altura desejada. Uma máquina foi usada para compactar todo o material. Para impedir que a rua inunde com água vinda de outras ruas, foi colocado um cano de PVC de 300 ml de diâmetro, na lateral da barreira, que funciona como uma espécie de “ladrão. “Quando chove e o nível começa a subir na rua, e só abrir o tampão e a água corre para a lagoa”, explicou Elaine.
A moradora explica que a obra foi acompanhada de perto por uma equipe da Defesa Civil, que orientava para que a obra não avançasse sobre a água e sim apenas sobre a rua. “Tínhamos a preocupação de não agredir o meio ambiente e foi fundamental a presença deles”, relatou outra moradora. Elaine frisou ainda que ninguém achou que fosse dar certo. A obra foi realizada durante a enchente, ainda em maio. E segundo os moradores, funcionou perfeitamente. “Enquanto outras ruas aqui do bairro enchiam, a nossa permaneceu fora da água”, observaram os moradores.