Dona Dina e o neto: busca pela força para reiniciar . Fotos Radar Sul
Moveis da cozinha ficaram destruídos

A enchente causou muita tristeza e prejuízo a milhares de pessoas. Em Rio Grande, não foi e não está sendo diferente. Vários bairros foram, e continuam sendo atingidos pelas águas. Andradina Divina Machado de Oliveira, ou simplesmente dona Dina, vai ter que reconstruir praticamente toda sua casa, localizada no Parque Coelho. A água atingiu cerca de 60 centímetros no interior da residência, destruindo paredes, móveis (guarda roupas, todos os balcões da cozinha, sofás, mesa, cadeiras, camas) a máquina de lavar roupas e muitas outras coisas, inclusive documentos e lembranças de anos. O que restou foi muita lama e um cheiro ruim.

 A água chegou de surpresa, arrastando com força o que encontrava pela frente. “A gente estava monitorando a água, que até então subia, mas muito devagar. Muitos saíram das casas, mas muitos também permaneceram, assim como eu”, conta dona Dina. Ela lembra que no dia 8 de maio, de repente, a água começou a subir e já não dava mais para salvar muita coisa. Vizinhos entraram e ajudaram a tirar a geladeira, e foi o que conseguiu salvar. “Foi de repente, de uma hora para outra. Quando vimos, a água já estava acima do joelho. O que a gente pôde fazer, a gente fez, para salvar o que dava”. 

Desespero

Dona Dina ressalta ainda que com o passar das horas, tudo ia piorando. Quando disseram que iam desligar a luz, ela se desesperou. “Como que vão deixar a gente no escuro, mas depois entendi. Mas na hora bate o desespero porque estamos tentando salvar o que dá. Eu não quis sair de casa, com medo de que invadissem e levassem o que podia ter sobrado. Mas os vizinhos entraram e me tiraram. O resto, eu perdi para a água”, lembra.

Na parte dos fundos da casa, há um espaço onde ficava uma pequena área de lazer, com um sofá, uma mesinha e cadeiras, onde ela, o neto e a filha sentavam nos finais de tarde e finais de semana para relaxar e aproveitar o cenário proporcionado pela lagoa. Nada disso existe mais. Nem o trapiche, usado para pescaria e para o barco. Para tentar preservar o local de uma nova cheia, ela pretende fazer uma contenção de pedra e cimento, ao redor de toda a área.

Além de lidar com a água que invadiu com força a sua casa, dona Dina teve que enfrentar outro problema, muito mais grave: a luta pela sua vida. Ela usa marca-passo e a situação fez com que ela parasse de respirar. “Quando eu vi o que estava acontecendo com minha casa, eu parei de respirar. Não me contive. Ver a água entrar e não poder fazer nada é muito triste. Meu marca-passo meio que acelerou e está assim até agora. Esse mês eu vou ter que fazer revisão. Preciso ir porque até choque eu levei ao tentar tirar a geladeira, e isso pode prejudicar a bateria”, disse ela.

Reconstrução

Ela lamenta muito a perda da casa, que terá que ser reconstruída, pois o chalé, de madeira, teve as paredes destruídas. As que permanecem em pé estão estufadas e precisam ser refeitas, assim como o assoalho, que se desfez com a água e lama. “Não estou conseguindo nem limpar. Eu fico até sem ação.  Aqui foi tudo comprado com empréstimo. Essa casa foi comprada com empréstimo e eu devo até 2030”, enfatiza. Da pensão que recebe, após a morte do marido, sobram apenas R$ 511,00. “Sozinha não vou conseguir fazer nada. Espero que o apoio prometido pelo governo realmente seja verdade, pois fui aprovada no cadastro. É minha única esperança de levantar o que a água destruiu”, finaliza dona Dina.