Quatro traficantes, acusados pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), foram condenados pelo Tribunal do Júri de Camaquã, na madrugada desta sexta-feira, 25 de outubro. Em julho de 2017, os réus, com três adolescentes que já respondem medida socioeducativa, foram até o município da Região Sul para executar criminosos rivais, no entanto, erraram o endereço e invadiram uma outra casa, atirando em uma jovem de 19 anos.
A vítima foi atingida por um tiro de espingarda calibre 12 no rosto, mas sobreviveu. Ela, que estava com uma filha de quatro meses e que não ficou ferida, não tem envolvimento com a venda de entorpecentes. O mandante do crime recebeu uma pena de 28 anos, 11 meses e três dias de prisão. Um segundo réu foi condenado a 19 anos, nove meses e 10 dias de reclusão, e os outros dois, cada um, há 17 anos, dois meses e 20 dias de prisão. Apenas um deles respondia ao processo em liberdade, mas foi determinada a sua prisão imediata. Outros dois condenados também respondiam em liberdade em relação a este processo, porém, estavam detidos por outros crimes.
Os traficantes, condenados por tentativa de homicídio qualificado pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, também foram responsabilizados pelos crimes conexos de roubo duplamente majorado, receptação, corrupção de menores e organização criminosa. O caso já havia sido julgado em 2023, mas o júri foi anulado por decisão do Tribunal de Justiça. No júri de quase 20 horas, que começou na manhã de quinta-feira, dia 24, e terminou na madrugada desta sexta-feira, atuaram pelo MPRS os promotores de Justiça Fernando Mello Müller, da comarca, e Francisco Saldanha Lauenstein, designado pelo Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ) da instituição.
“A vítima sobreviveu, mas carrega até hoje, no rosto e em diversas partes do corpo, os chumbos dos disparos que sofreu. Seu depoimento foi dramático, contando que, em virtude desse ato covarde, não enxerga bem de um olho, ficou com debilidade em uma das mãos e não pôde mais amamentar a filha que tinha só quatro meses à época. Durante todo o plenário, lutamos na defesa da vida da vítima e pelo respeito ao seu sofrimento. A sociedade de Camaquã afirmou que não tolera a maldade dos que escarnecem da vida humana e das vítimas da crueldade”, disse o promotor Fernando Müller.